sábado, 23 de abril de 2011

História Oitocentista do Município

A interiorização do território provinciano da Paraíba, tem seu marco histórico em 1654, quando da expulsão dos holandeses da nossa terra. A partir dessa época, com a dispersão dos portugueses para o interior, tornou-se Mamanguape um pólo de domínio comercial de grande influência econômica e política.


Às margens do Rio Araçagi Mirim e Pinturas, que desaguam no Rio Cuitegi, afluentes do Rio Araçagi Maior, emerge então um povoado sob a influência exercida pela hegemonia Mamaguapense, quando em 17l6 fora doado uma sesmaria, cujas terras subindo o rio Araçagi Grande, se prolongavam até as terras do Curimataú, envolvendo nesse trajeto o território de Pilões. A história de Pilões permaneceu ignorada por mais de um século, possivelmente, as sesmarias foram subdivididas em várias propriedades, ocupadas por posseiros que aos poucos, foram se assenhorando das terras. A tradição oral diz que teriam sido membros das famílias Arouxas e Abreus, os fundadores do povoado, porém nada ficou que pudesse comprovar se eram sesmeiros ou representantes dos donatários.


No fim do século XVIII e início do século XIX, sendo palco das travessias de tropeiros e carros de bois que transportavam as riquezas do Vale do Mamaguape ao Sertão paraibano, acredita-se que foi graças ao trajeto desses tropeiros e mercadores que transportavam produtos nos lombos de animais, que aconteciam neste lugar as primeiras transações comerciais, isto porque os usuários daquele arcaico sistema de transporte quando no período das chuvas e o difícil acesso pelas estradas carroçais, não tinham como levar seus produtos, na grande maioria perecível, abrindo assim suas mercadorias aos transeuntes, deu-se início ao povoado, que recebera de início o nome de Pilões, em razão das pedras esculpidas pelo rio Araçagi Mirim em forma de “pilão”, por serem várias pedras, deu se a origem ao topônimo Pilões.


Dessa época até 1818, o que existe de registro são histórias ou causos que os mais velhos contavam aos mais jovens. Contam que neste ano, surgiram os primeiros nomes registrados pela história como pioneiros da colonização desta comunidade: João Crisóstomo, José Leandro Correia, Rufo Correia Lima, Antônio José da Cunha, sendo quase todos procedentes de Mamanguape.


A trinta de março de 1818, o Ouvidor Geral da Província, em ato solene, realizou a instalação do município de Areia, elevada à condição de Vila do Reino, por alvará régio de 18 de maio de 18l5. Faziam parte do seu território as povoações de Alagoa Grande, Bananeiras, Guarabira, Cuité, Pedra Lavrada e Pilões.


A Corografia de Beaurepaire Roham, de 1860, versando sobre areia, dava Pilões com o seu distrito já possuindo uma capela que teria sido a sua primeira construção. Padre Ibiapina mais tarde deu consistência à capela, tornando-a matriz da freguesia, que foi criada em 1876.


Em 1897, a Lei n.º 80, de 13 de Abril transfere a Sede do Município para Serraria, elevada à categoria de Vila. Nas divisões administrativas do Brasil em 1936, 1937 e 1938, Pilões figura como simples distrito de Serraria, com o topônimo de Pilões de Dentro. Na divisão do quinquênio 1939/43, Pilões figura com o nome de Entre Rios. Já no quinquênio 1944/48, estabelecido pela Lei n.º 520, de 31 de Dezembro de 1943, volta à antiga denominação de Pilões. Finalmente, a Lei n.º 916, de 20 de agosto de 1953, restaura sua condição de autonomia, instalando-se oficialmente o município a 1º de janeiro de 1954, desmembrado de Serraria e integrado por um único distrito, o de sua própria Sede.


A Corografia da Província da Paraíba do Norte, de Beaurepaire Rohan (inclusa na revista do Instituto Histórico, V.IV, p.341) em 1860, versando sobre Areia, fala de Piões como povoado daquela Vila, vivendo da lavoura, tendo uma capela, além de uma escola destinada ao sexo masculino. Esta escola não funcionava de forma estável, ora fechava, ora reabria. Foi instalada, permanentemente, em 1860, sendo o primeiro regente, o Padre Victor.


Sabe-se também que em 1870, nascia em Pilões a primeira feira. E, em 1876, foi criada a Matriz da freguesia, a partir de uma antiga capela, cujo terreno fora doado em 1860, pelo Sr. João Cavalcanti, proprietário de grandes posses, em Mamanguape e em Pilões, avô do Presidente João Pereira de Castro Pinto.


O cenário começava a mudar. Uma escola para os meninos como mandava a tradição, essencialmente discriminatória, mas um início de saber. Pilões aprendia a ler. As mulheres contavam com um templo onde rezar, batizar seus filhos, naquela vila bucólica, conservadora e provinciana.


A feira ampliava as relações entre os homens, pano de fundo para romper o isolamento que constituía o traço dominante de suas vidas.


Em 1883, foi o ano da criação do município de Pilões pela Lei Provincial nº 755, de 4 de dezembro de 1883, todavia, só foi instalado regularmente como Município e termo Jurídico em 1885. Não se pode esquecer que o desmembramento de Areia foi concretizado, graças à influência decisiva do Padre Luis Buriti, deputado da província e primeiro vigário de Pilões.


No ano de 1884, foi construída a linha de ferro em Guarabira, dentro do programa de desenvolvimento criado por Dom Pedro II. O transporte ferroviário foi estendido até Borborema, próximo a Pilões, facilitando a vida dos pilonenses, que com mais segurança e conforto, poderiam se deslocar à capital paraibana. Até a década de 1940 a linha de ferro se constituiu no transporte mais popular e procurado da região.


Após 8 anos de liberdade, em 1891, o município foi outra vez suprimido e anexado ao território de Areia pela Lei nº 8, da Organização Judiciária, promulgada por Álvaro Machado. Só em 1953, suscitou um movimento em prol a emancipação do município de Pilões, desta feita liderada pelo Desembargador Braz Baracuhy, que foi incansável na luta pela defesa da autonomia de Pilões, difíceis eram os caminhos para se conseguir o pleito junto à Assembleia Legislativa.


Acordos foram traçados. Diminuiu-se o número de engenhos, de 32 para 26, com alguns cedidos à Serraria, nas combinações da divisão administrativa. Questões jurídicas foram levantadas causando obstáculos à aprovação da lei.

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